Agravo desencadeado por uma má-nutrição, na qual são
ingeridas quantidades insuficientes de alimentos ricos em
proteínas e/ou energéticos a ponto de suprir as necessidades do
organismo. A desnutrição pode originar-se de forma:
- primária : baixo nível sócio-econômico - pobreza, privação nutricional, más condições ambientais levando a infecções e hospitalizações frequentes, baixo nível educacional e cultural, negligência, falta de amamentação, privação afetiva. Neste caso a correção da dieta bastará para que se obtenha a cura.
- secundária: apesar de haver oferta existem outros fatores que impedem a ingestão e absorção dos alimentos - má-absorção, estenose do piloro, ou aumentam a sua necessidade - hipertireoidismo. Sua evolução estará na dependência da doença que a ocasionou.
- mista: situação em que os dois mecanismos estão envolvidos.
A baixa ingestão energética leva o organismo a desenvolver
mecanismos de adaptação: queda da atividade física em
comparação com crianças normais; parada no crescimento (falta
de ganho de peso e altura) e alteração da imunidade.
A desnutrição pode ser classificada por diversos critérios,
porém no Estado de São Paulo,utiliza-se percentis (valores que
dividem o conjunto ordenado de dados obtidos em 100 partes
iguais). Os percentis de corte escolhidos foram 10 e 90. Assim,
considera-se normal valores compreendidos entre os dois.
A gravidade da desnutrição também pode ser classificada
segundo critérios de Gomez, em 1º, 2º e 3º graus, conforme a
perda de peso apresentada pela criança.
- Desnutrição de 1º grau ou leve - o percentil fica situado entre 10 e 25% abaixo do peso médio considerado normal para a idade.
- Desnutrição de 2º grau ou moderada - o déficit situa-se entre 25 e 40 %.
- Desnutrição de 3º grau ou grave - a perda de peso é igual ou superior a 40%, ou desnutridos que já apresentem edema, independente do peso.
Em termos populacionais há um predomínio da desnutrição de
1º grau, onde o organismo adapta-se à uma alimentação abaixo
de suas necessidades, que, em geral, predomina por toda vida. Com
isso, há uma parada no crescimento. É por isso que "em
estudos populacionais a estatura é tão valorizada, sendo
encarada como indicador do estado nutricional atual ou,
principalmente, pregresso" (LOPES,2008). Estudos já
comprovaram que as camadas mais pobres da sociedade têm uma
alimentação geralmente equilibrada, sob o aspecto qualitativo,
porém em quantidade insuficiente.
Existem algumas pesquisas relatando que a desnutrição grave
pode ser decorrência de falta de vínculo mãe-filho que levam a
mãe a descuidar da criança a ponto de por sua vida em perigo.
Estabelecem uma associação entre o grave déficit nutricional e
vínculo inseguro e desorganizado entre mãe-filho. Porém esta
mãe normalmente não recebeu carinho em sua infância, com isso
não consegue ofertar ao filho. Acha-se incapaz, que seu leite é
fraco e tem baixa auto-estima. Assim, acreditam ser
desnecessário investirem nas crianças por não serem boas
mães. É um ciclo vicioso que a equipe multiprofissional vai
precisar trabalhar para reverter essa situação.
A desnutrição grave pode apresentar-se de três formas:
Marasmo, Kwashiorkor e Marasmo-Kwashiorkor.
- Marasmo: criança fica com baixa atividade, pequena para a idade, membros delgados devido a atrofia muscular e subcutânea, costelas proeminentes, pele se mostra solta e enrugada na região das nádegas, apresenta infecções constantes, comumente é irritadiça e seu apetite é variável.
- Kwashiorkor: déficit importante de estatura, massa muscular consumida, tecido gorduroso subcutâneo preservado, alterações de pele dos membros inferiores, alterações dos cabelos, hepatomegalia, face de lua, anasarca e baixa concentração sérica de proteínas e albumina, área perineal frequentemente irritada com dermatites e escoriações devido a diarréias. Apatia exagerada, raramente responde a estímulos e não apresenta apetite.
- Marasmo-Kwashiorkor: a origem pode ser de um marasmo que entrou em déficit protéico ou um Kwashiorkor que passou a sofrer déficit energético. Estão presentes: retardo da estatura, do desenvolvimento neuro psicomotor e queda da resistência imunológica.
O tratamento da desnutrição está intimamente relacionado
com aumento de oferta alimentar, que deve ser feito de forma
gradual em função dos distúrbios intestinais que podem estar
presentes. Após a reversão deste quadro, fornecer dieta
hipercalórica para a recuperação do peso da criança; corrigir
distúrbios hidro-eletrolíticos, ácido-básicos e metabólicos
e tratar das patologias associadas; obtenção de adesão da mãe
ao tratamento, o que irá facilitar a recuperação da criança
em menor tempo e com maior intensidade.
Por se tratar de um problema, em sua maioria das vezes, social
é importante que a equipe de saúde esteja atenta, encaminhando
esta família para assitentes sociais, comunidades de bairro e
pastorais da criança para que consigam algum tipo de auxílio
para suprirem suas carências.
A não-criação de vínculo mãe-filho também pode levar uma
criança a desenvolver desnutrição em função da negligência.
Outras vezes a falta de informação leva a um preparo inadequado
dos alimentos, levando a família a alimentar-se com uma dieta
pouco nutritiva.
Os profissionais não podem culpar a família pela debilidade
de seus filhos, cabe a nós orientá-los para evitar danos à
saúde de nossas crianças e adolescentes, promovendo o
fortalecimento do vínculo da criança com a família, com
informação.
Referncias : http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/desnutri.htm
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